"A person often meets his destiny
on the road he took to avoid it."
(Jean de La Fontaine)
The Lone Trail
Ye who know the Lone Trail fain would follow it,
Though it lead to glory or the darkness of the pit.
Ye who take the Lone Trail, bid your love good-by;
The Lone Trail, the Lone Trail follow till you die.
The trails of the world be countless, and most of the trails be tried;
You tread on the heels of the many, till you come where the ways divide;
And one lies safe in the sunlight, and the other is dreary and wan,
Yet you look aslant at the Lone Trail, and the Lone Trail lures you on.
And somehow you're sick of the highway, with its noise and its easy needs,
And you seek the risk of the by-way, and you reck not where it leads.
And sometimes it leads to the desert, and the togue swells out of the mouth,
And you stagger blind to the mirage, to die in the mocking drouth.
And sometimes it leads to the mountain, to the light of the lone camp-fire,
And you gnaw your belt in the anguish of hunger-goded desire.
And sometimes it leads to the Southland, to the swamp where the orchid glows,
And you rave to your grave with the fever, and they rob the corpse for its clothes.
And sometimes it leads to the Northland, and the scurvy softens your bones,
And your flesh dints in like putty, and you spit out your teeth like stones.
And sometimes it leads to a coral reef in the wash of a weedy sea,
And you sit and stare at the empty glare where the gulls wait greedily.
And sometimes it leads to an Arctic trail, and the snows where your torn feet freeze,
And you whittle away the useless clay, and crawl on your hands and knees.
Often it leads to the dead-pit; always it leads to pain;
By the bones of your brothers ye know it, but oh, to follow you're fain.
By your bones they will follow behind you, till the ways of the world are made plain.
Bid good-by to sweetheart, bid good-by to friend;
The Lone Trail, the Lone Trail follow to the end.
Tarry not, and fear not, chosen of the true;
Lover of the Lone Trail, the Lone Trail waits for you.
Robert Service
Photo by Wolfram Schubert, "Freedom"
Cântico Negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio