Abro os olhos e não te vejo. Ponho-me à escuta e não te oiço. Estendo a mão e não te toco. Abro as cortinas e o sol não brilha. Saio para a chuva mas as gotas não me molham. Lanço a cara ao vento mas este não me afaga. Estendo o pé ao mar que abraça a areia mas este recusa-se a beijar-me os pés... Não vejo! Não oiço! Não sinto senão esta dor que me rasga o peito e dilacera a alma, esta faca que me corta ao meio e expõe a nu metade de mim! E eis que então, ao fechar os olhos tudo vejo, eis que oiço a tua voz, nítida, suave, embalando-me, eis que sinto o toque da tua pele, a carícia do teu olhar que me invade e enche e completa e seduz e embriaga e sacia... Eis que te sinto aqui, tão presente, com o chegar da lua e do cheiro das rosas nocturnas...